28 de novembro de 2010

XI S. Vicente “As Mais Grandiosas Conquistas da História” (pelos olhos de um caloiro)

Tudo começou há 6 meses, quando o tema foi anunciado para o XI S. Vicente: As mais grandiosas conquistas da História. O cenário montou-se imediatamente na minha mente: gregos, troianos, Descobrimentos, a Lua… o tempo veio então dar-me uma estalada com uma luva imaculadamente branca.

Tempo – “Que idiotice! Não querias mais nada?”
Croissant – “Sim, por favor, por favor! Se desse para subir a palco pela primeira vez neste S. Vicente era genial!”

Tonta caloira, sempre tão ingénua… Se isto se concretizasse, então este seria o primeiro S. Vicente em que não seria mais um dos vá… 800 espectadores habituais deste festival que há dois anos me fez chorar a rir do início ao fim e me deu vontade de virar fã tresloucada para tocar ao lado da VicenTuna. Ao invés, teria a oportunidade de pisar o grande e aterradoramente escorregadio palco da Aula Magna (“Se eu passar a caloira… qual é a probabilidade de conseguir não cair de rabo na entrada para o palco?”) e ter o privilégio de tocar com os mais antigos Tunos fundadores da Tuna da minha faculdade (“Se lhes chamar Tunosaurus rex será que sou muito praxada?”).

As tunas a concurso foram anunciadas:
- Magna Tuna Apocaliscspiana;
- Magna Tuna Cartola;
- Tuna Académica de Lisboa;
- Tuna Académica do ISCTE.

Os preparativos eram mais que as mães:- contruir cenários, telefone toca para aqui, telemóvel toca para ali, sobe escada, faz “sku” pela escada, carrega aqui, empacota ali, prega aqui, cola acolá, envia ao outro, pinta uma vez, retoca a segunda, monta avião, ata panos do cenário pela ordem certa na torre de 5 metros que vai entrar pelo palco da Aula Magna.

Constrói os prémios, pinta os prémios.

Escreve sketch’s, trata do alojamento, alimentação, transportes, patrocínios, festas, produção de palco, autorizações, staff, guias das tunas convidadas, bilheteiras.

Distribui cartazes, cola cartazes (lição a reter: nunca te fies na capacidade dos teus dentes em cortar fita-cola uma tarde inteira – leva tesoura!).
Corre a baixa lisboeta com os teus irmãos caloiros para gravar um vídeo para a apresentação do festival. Reúne grupos de trabalho para atribuição de tarefas nos dias do festival e… tudo a postos! Já!

Sexta- feira, 26 de Novembro de 2010 - Dia 1 - Recepção das tunas

Nada melhor para consolidar um dia presumivelmente stressante (devido aos inesperados acasos de última hora típicos de um festival) do que uma frequência à cadeira com mais ECTS do teu curso (lição a reter: ainda bem que estudei antes!). Teste feito e seguem-se os últimos retoques. Para quem não sabe, existem muitos Tunos a trabalhar no estrangeiro que tiram férias nestes dias para poderem vir assistir ao festival da sua Tuna. Qual a melhor maneira de receber um “deslocado” do que convidá-lo para um grande cozido à portuguesa no quentinho do lar? De barriga cheia seguimos para o local de acolhimento das tunas convidadas: o Real República de Coimbra, situado no Bairro Alto. Este bar é conhecido pelo convívio entre tunas que lá se desenrola: cantorias, guitarradas, bom ambiente, conhecer pessoas novas e novas pessoas, recepção a tunas e essencialmente aquilo que todos temos em comum, o gosto pela música.

Sábado, 27 de Novembro de 2010 – Dia 2 - Dia do festival

Bem de manhãzinha dirigimo-nos todos à Aula Magna para a montagem do cenário no palco que durou até… bom até pouco antes do espectáculo se iniciar.
Durante a tarde foram feitas actividades com o objectivo de entreter as tunas convidadas que esperavam pela sua vez de fazer o check sound: desde arremessos de bolas de meias a pirâmides humanas, passando pela condução dificultada de carrinhos telecomandados, entre outros. O frio não ajudava e o Sol teimava em fugir mas as tunas queriam fazer juz ao tema do festival e conquistar o máximo de jogos possíveis.

Ao anoitecer, as portas da reitoria abriram-se e a fila da bilheteira começou a formar-se. Diz-se por aí que quando se organiza uma festa, deve-se receber bem os convidados. É também de bom tom pôr os convidados ao corrente do que se passará na festa ou, neste caso, no festival, sem nunca revelar todas as surpresas. Motivados por estas boas maneiras, decidimos vestir-nos de enfermeira e médico para efectuar a inspecção para o recrutamento, fazendo soar os tambores do exército: ao que parece os membros da VicenTuna quando escolhem um tema, levam-no à letra. “As mais grandiosas conquistas da História” foi o tema escolhido para esta edição do S. Vicente e o público ficou surpreso quando descobriu que não iriam “só” assistir a um festival de tunas, não “só” a um espectáculo, não “só” ver o/a filho/a cantarolar, mas sim fazer parte de um exército! (lição a reter para o público: nunca se é “só” público!) Partilho aqui algumas das reacções a que assisti enquanto enfermeira que inspeccionava os soldados:
«Para a guerra?! Mas eu nem fui à tropa!»
«Aii, menina, eu já não tenho olhos para fazer mira a nada»
«Desculpe, mas não estou interessado, vim cá só ver a minha filha», virando-me costas e fugindo como se eu estivesse a vender produtos cosméticos (lição a reter: quando estiver mascarada lembrar-me de iniciar a conversa com “Olá, pai! Sou eu, a tua filha.”).

De sala já bem composta, as luzes apagaram-se e o espectáculo teve início. Enquanto isso, havia estafetas para serem corridas: “Sabes do X?”, “Encontra-me o Y, ele entra agora em palco e não sei dele!”, “Falta a espada do Martim Moniz”, “Chama a tuna W para ir fazendo o aquecimento”, “Verifica se o Viriato tem o chouriço dele”.
Após a actuação das tunas a concurso, seguiu-se o intervalo onde a VicenTuna aproveitou para aquecer as vozes, afinar os instrumentos, a seguir aos quais a magister faz sempre um pequeno discurso:
Dorémi – (…) Bom, vamos todos para o palco tocar, cantar com muita alegria e ter orgulho no nosso festival!... e a Croissant vem connosco também!
As emoções viraram ciclone dentro de mim por ter conseguido subir a palco no S. Vicente e ter o prazer de tocar com o resto da VicenTuna, tornando-me verdadeiramente parte dela! É aterradoramente brutal actuar pela primeira vez num palco enorme como aquele, para umas quantas centenas de pessoas, com umas quantas dezenas de Vicentes ao meu lado! As músicas passavam a correr, a concentração era difícil de manter pela ansiedade de querer observar tudo ao mesmo tempo, o nervosismo dava-me arrepios ao mesmo tempo que fervia de felicidade por ter atingido aquela pequena (tão grande, na verdade) e grandiosa conquista naquela que era “a minha História”.


Findada a actuação, seguiu-se a entrega dos prémios:

- Melhor Adaptação ao Tema – Magna Tuna Apocaliscspiana
- Melhor Estandarte – Magna Tuna Cartola
- Melhor Instrumental – Tuna Académica de Lisboa
- Melhor Pandeireta – Magna Tuna Cartola
- Melhor Solista – Tuna Académica de Lisboa
- Melhor Tuna – Magna Tuna Cartola
- Tuna Mais Tuna – Magna Tuna Apocaliscspiana

Foi então que assisti ao momento mais anestesiante da noite: ao fecho do espectáculo, o público ergueu-se das suas cadeiras, aplaudindo, as luzes acenderam-se e as caras de satisfação e alegria do público fizeram valer a pena todo esforço, cansaço e horas de empenho e dedicação que cada um de nós depositou neste festival!
Forças recuperadas, era hora de deixar tudo limpo e arrumado, apanhar as canas e continuar a festa na nossa faculdade! As horas que se seguiram voaram entre muita dança, animação e convívio.

Domingo, 28 de Novembro de 2010 – Dia 3 – Encerramento do festival

Reunidas na Voz do Operário, as tunas aproveitaram o dia para se despedirem com um almoço e uma tarde ensolarada e calma. Enquanto nova caloira, competia-me agora escolher um padrinho e ser baptizada pelo mesmo. Assim, “nasci” Croissant Trocadilhos, caloira da VicenTuna, apadrinhada pelo Tuno Pente.



Post por:
Croissant Trocadilhos.

Nota Final

Para finalizar, a VicenTuna gostaria de agradecer a todas as pessoas que contribuíram e tornaram possível mais um enorme S.Vicente. Em primeiro lugar, muito obrigado às Tunas convidadas (Magna Tuna Apocaliscspiana, Magna Tuna Cartola, Tuna Académica do ISCTE e Tuna Académica de Lisboa) pela qualidade musical e espírito académico demonstrados, que constroem e asseguram a imagem do S.Vicente. Não menos merecedores da nossa gratidão são todos os Guias e Staff que garantiram que este festival corresse sobre rodas fora do grande palco. Obrigado também aos patrocinadores do S.Vicente (Brandymel, Extracarnes), e a todos aqueles que nos apoiaram em todos os sentidos, garantindo o sucesso e até mesmo a existência destes três dias de festa (Reitoria da Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa, Instituto Português da Juventude, Câmara Municipal de Loures, RDP Internacional, Voz do Operário e Real República de Coimbra). Também gostaríamos de deixar um agradecimento especial ao Luís Nascimento, um dos fundadores da VicenTuna, que após 17 anos sem contacto e qualquer relação com a malta que cá anda, garantiu uma preciosa ajuda neste festival sem pedir nada em troca. Por fim, mais uma vez o agradecimento àqueles que fazem a diferença entre o sucesso e o fiasco (felizmente nunca nos deixaram ficar pela segunda hipótese), que são o nosso público, que nos faz continuar a sentir que no final todo o esforço e sacrifícios que levam este festival para a frente valem a pena e que a tradição do S.Vicente deve continuar. Até ao próximo S.Vicente!

15 de novembro de 2010

XI S.Vicente

O S.Vicente – Festival de Tunas Universitárias tem uma longa tradição de explorar os temas que povoam a nossa cultura e o nosso imaginário. Depois de temas como “Julio Verne”, “Mitos e Lendas” ou “Cinema” na próxima edição vamos olhar “as mais grandiosas conquistas da história".

No palco da Aula Magna serão recriados os maiores feitos guerreiros de bravura e inteligência, sempre com bom humor e irreverência académica. Supostamente, conquistar um país deve ser uma tarefa complicada, mas haverá maior conquista do que aquele canudo ao fim do curso?

Os estudantes universitários de hoje são como os guerreiros de antigamente cansados de fazer cercos aos castelos do conhecimento (guardados por Professores Catedráticos), de lutar contra frequências e orais (armados apenas com a ocasional cábula), de comer rações intragáveis (na cantina) e de obedecer cegamente à sua Pátria-Mãe (ou, neste caso, à sua mãe mesmo).

Bilhetes à venda na Faculdade de Ciências da UL

e na Aula Magna no próprio dia.

Bilhete normal: 5 Exércitos
Caloiro FCUL: 4
Exércitos
5 bilhetes: 20
Exércitos - 10 bilhetes: 35 Exércitos

Canções para o Centenário

A VicenTuna teve a honra de participar no concerto “Canções para o Centenário”, espectáculo inserido no âmbito das comemorações do Centenário da Universidade de Lisboa. As responsabilidades eram muitas por isso alguns estavam um pouco mais stressados do que o habitual.

Para além da VicenTuna, o concerto contou com as participações especiais de Yolanda Soares, dos Coros da Universidade de Lisboa e da Banda Sinfónica da PSP.

Este espectáculo trouxe ao palco da Aula Magna algumas das canções mais emblemáticas da música portuguesa dos últimos 100 anos.A VicenTuna subiu a palco com uma versão resumida do seu instrumental, “Tanto Mar” de Chico Buarque de Holanda, e mostrou ao público presente a singularidade e qualidade das suas adaptações, com a interpretação de duas das mais emblemáticas músicas do seu reportório: “Leitaria Garret” de Vitorino e “Xácara das Bruxas Dançando” dos Trovante. Depois houve tempo para ensaiar pois ainda estava mais por vir.

No final do concerto, a VicenTuna voltou a palco para participar numa interpretação especial de Brindisi (da ópera La Traviata) de Verdi, juntamente com os coros da Universidade de Lisboa.

Agradecemos o convite feito pela Reitoria para fazer parte deste espectáculo único na agenda cultural da Universidade, e em particular ao Vice-Reitor Prof. Dr. Vasconcelos Tavares, que teve a iniciativa de organizar o concerto.